Geral
Entre raízes e reinvenção: a trajetória que molda “O Canto do Canário”
A história de Paraná nasce no quintal de casa, atravessa rádios e televisões, transforma-se em referência para gerações e desemboca em seu primeiro DVD solo, e reafirma o talento que o consagrou como o ‘Rei da Voz’.”
A formação de um grande intérprete começa muito antes do microfone, e no caso de Paraná esse aprendizado veio da convivência com a música em família, quando o pai seresteiro e violeiro introduziu, ainda na infância, a disciplina do ouvido atento e o respeito à canção. As primeiras apresentações surgiram cedo, aos dez anos para ele e aos doze para o irmão, Chico Rey, enquanto a dupla que viria a marcar época nascia do hábito de cantar junto e do desejo de levar a música aonde houvesse gente disposta a ouvir. A vida, que molda caminhos com acasos e intempéries, também impôs sua força: a geada de 1975 em Ivaiporã destruiu a colheita da família e empurrou os meninos para Brasília, onde trabalho, serviço militar e palco se entrelaçaram até que a música ocupasse de vez o centro da história.
O reconhecimento nacional chegou com a maturidade de quem aprendeu fazendo, e os exemplos estão nas canções que o país adotou como parte de sua memória afetiva. “Quem Será Seu Outro Amor”, “Leão Domado”, “Tranca a Porta e Me Beija”, “Operário Vida-Viola”, “Canarinho Prisioneiro” e “Alma Transparente” consolidaram a assinatura de Chico Rey & Paraná, não apenas pelo alcance em rádios e programas de TV nas décadas de 1980 e 1990, mas pela combinação de narrativa romântica, técnica vocal e entrega cênica. O catálogo soma mais de vinte álbuns, dois DVDs e uma estante de conquistas que inclui dois discos de ouro, além do primeiro DVD da dupla, lançado em 2006, com mais de quatrocentas mil cópias vendidas.
A reputação que se construiu nesse percurso não foi obra do acaso, e sim resultado de decisões artísticas conscientes sobre como fazer música e de uma ética profissional rara. Paraná é tratado por colegas de diferentes gerações como referência máxima de interpretação, carisma e verdade no palco, reconhecimento que se espelha no título de “rei da voz”, dividido com Zé Rico, da dupla Milionário & José Rico. O apelido tem fundamento técnico e filosófico, já que o cantor repete como mantra a ideia de que a palavra precisa chegar intacta a quem ouve. “Dicção limpa é o segredo para entregar a mensagem quando se interpreta uma música”, costuma dizer, em alinhamento com outra convicção que o acompanha desde sempre: “Quando um contrato de show é celebrado, passo a ser um empregado do contratante. Não bebo antes dos shows, me concentro e presto o melhor serviço possível.”
O respeito à canção, que se nota na escolha de repertório e na condução das linhas melódicas, encontra novo capítulo em “O Canto do Canário, Paraná Ao Vivo”, primeiro DVD solo do artista, gravado em novembro de 2024, em Brasília, e lançado oficialmente em 23 de outubro de 2025. O projeto foi desenhado para manter a essência romântica e, ao mesmo tempo, atualizar a paleta sonora com arranjos inéditos e uma estética moderna, sempre com a voz no centro das decisões. A direção musical do maestro Rodrigo Rocha organiza a banda como moldura precisa para o timbre limpo e a emissão clara, resultando em uma leitura que privilegia dinâmica, respiro e nuance interpretativa.

A estratégia de distribuição reforça o vínculo com públicos de idades e hábitos distintos, já que o álbum completo está disponível nas principais plataformas de streaming enquanto a experiência audiovisual ganha vida pouco a pouco, com o DVD sendo apresentado faixa a faixa semanalmente no canal oficial do artista no YouTube. A opção por cadência, e não por avalanche, devolve a cada canção o protagonismo que ela merece e cria pequenas estreias contínuas, em diálogo direto com quem acompanha de perto cada passo. Nesse movimento, o clipe de “Canarinho Prisioneiro” se destacou logo de início, alcançando um milhão de visualizações em vinte e quatro horas e superando um milhão e meio em poucos dias, prova de que a tradição pode soar absolutamente atual quando a interpretação tem propósito.
O que está no palco hoje conversa com a biografia artística de ontem sem recorrer à nostalgia como bengala. O repertório mantém viva a essência da música sertaneja de raiz, mas encontra modos contemporâneos de se apresentar, evidenciando a capacidade do intérprete de atravessar décadas sem perder identidade. A produção é artesanal na melhor acepção do termo, já que cada camada de arranjo existe para servir ao sentido da letra e ao arco emocional da performance, sem dependência de efeitos visuais ou de truques que desviem a atenção do que interessa, que é a canção dita com clareza e sentimento.
A importância de “O Canto do Canário” cresce quando se observa o horizonte de 2026, ano que concentra três marcos de alto simbolismo: quarenta e cinco anos de carreira, vinte anos do primeiro DVD da dupla e dez anos da morte de Chico Rey. O lançamento que chegou em outubro de 2025 inaugura, portanto, um ciclo de celebrações que olha para trás com gratidão e para frente com firmeza, funcionando como tributo à parceria fraterna, à memória de quem partiu e à própria história da música sertaneja, tantas vezes contada através dessa voz.
A imagem pública de Paraná, simples, reservada e genuína, completa o retrato de quem sustenta uma obra pela coerência entre vida e palco. O artista valoriza os períodos de recolhimento em seu rancho, onde natureza e família oferecem silêncio e medida, e trabalha lado a lado com os filhos, que acompanham a gestão da carreira e a direção desta nova fase. Essa rede de afetos, longe de se opor à exigência profissional, é parte do que mantém a interpretação ancorada na verdade, atributo que o público identifica desde os primeiros versos.
A síntese de trajetória e reinvenção que aparece no DVD revela por que o nome de Paraná permanece associado a autenticidade, técnica e emoção. O artista se reconhece guardião da canção romântica e figura de referência para a chamada MPB sertaneja, papel que cumpre sem alarde e com resultados muito visíveis, da resposta imediata nas plataformas ao eco que suas faixas têm entre profissionais e fãs históricos. O legado, nesse caso, não é vitrine estática, é obra em movimento que continua a se ampliar a cada nova performance.

Quem deseja acompanhar com proximidade esse momento encontra, no YouTube, as performances lançadas gradualmente, enquanto o Instagram, o Facebook, o TikTok e o X reúnem bastidores, interações e trechos de palco. Para ouvir o concerto de ponta a ponta, o álbum está disponível no Spotify, e o site paranaoficial.com.br concentra biografia, agenda e conteúdos aprofundados desta fase que une memória, técnica e emoção.
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